Flores na janela
"Earth laughs in flowers."
Ralph Waldo Emerson (1845) Hamatreya.
Graças à minha mãe, tenho o gosto por flores, árvores e florestas, desde o dia em que a conheci. Ela que sempre encheu a minha vida de vasos repletos de cores e odores, no jardim sempre verde ou nas janelas enormes da minha antiga casa. Mas foi apenas recentemente que aprendi a cuidar da fragilidade de cada uma delas, na forma sempre ténue como a vida deambula pela morte.
Aprendi-o nem sei bem porquê. Sei que foi nas folhas deste livro (1.ª edição) que li a bula, e no empenho do teu pai, homem com raízes, tronco e folhas, que fala a língua dos pássaros e mexe na terra como quando eu chego a casa e me atiro para o sofá, que compreendi a forma de lhes tocar.
E foi nos jardins da minha terra, em São Lázaro, na Cordoaria, foi na Corujeira ou no Palácio, que entendi as palavras de Sophia: "Porque nasci no Porto sei o nome das flores e das árvores...". Ali respiro, em cada tronco, em cada copa, em cada folha caída, castanha, amarela e torcida, em qualquer dia de Outono. Já aqui o escrevi e volto a recordar, quando o meu dia chegar, eu quero rearvorear.
Estas flores, que me vês, dia a dia, a cuidar e acarinhar, estas flores são para ti, 32 meses depois de Vénus eclipsar o Sol.
Da esquerda para a direita: Gardénia Augusta (ainda sem flor) e Calancói (laranja), Prímula-alemã (branca) e Alegria (vermelha), Violeta Africana, Lágrimas-de-Anjo e Feto Espada, duas Orquídeas (um pouco tapadas pela Hera que cai da prateleira) e a Avenca (memória de uma outra que por ali vivia na minha infância), mais duas Prímulas-alemãs (rosa e violeta), dois Jacintos (branco e rosa), e Feto-de-folha-redonda.
Todos amigos, como se fossem filhos meus, a viverem felizes junto daquela janela, de olhos postos neste lugar, antes ou depois da tempestade.
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Depois do João Saraiva, mais duas respostas à proposta feita aqui:
- Do Aníbal Letra, no FêCêPê: Orgulho e Glória, num texto intenso e completíssimo em detalhes, num golo mágico com o meu número de sempre na escola: o 13.
- Do André Moura e Cunha, no In Absentia, que nos transporta para um momento de sonho - a vitória épica em Aberdeen em 1984 - e nos oferece uma verdadeira pérola: o relato feito por Gomes Amaro do fabuloso golo de Vermelhinho.
Enquanto aguardamos pelos restantes (e sei que há outras respostas a caminho), quero agradecer profundamente aos três. Já valeu a pena!
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Notas (isto hoje está longo):
1 - A seguir, a série "Os portugueses são uns mentirosos" (I e II), no Corta-Fitas.
2 - Agradecer ao Tiago Galvão, por estas dicas, no seu Diário.
Etiquetas: Natureza, Psicanálise
4 Carruagens:
Como estao todas grandes e vicosas! Parabens! A serio que noto mudancas desde a epoca de Natal... Estou a ver que algumas ja sairam do cantinho de recuperacao...
Uma bela homenagem a tres pessoas importantissimas na tua vida. Gostei!
P.S. Em breve partilharei contigo as fotos do meu pequeno jardim aqui em NYC :-)
viva!
o meu golo já lá canta!!
e é do POOORRTOOO :)
Este comentário foi removido pelo autor.
vou te contratar para meu jardineiro particular, heheh uma boa dentada"boa noite"
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