Com o fim à vista
Etiquetas: Porto
Another Journey by Train
“Nos caminhos de ferro dos barões é que eu juro não andar. Escusado é a jura, porém. Se as estradas fossem de papel, fá-las-iam, não digo que não. Mas de metal! Que tenha o governo juízo, que as faça de pedra, que pode, e viajaremos com muito prazer e com muita utilidade e proveito na nossa boa terra”
Almeida Garrett (1843) Viagens na Minha Terra.
Etiquetas: Porto
"(...) o Porto ergue-se em anfiteatro sobre o esteiro do Douro e reclina-se no seu leito de granito. Guardador de três províncias e tendo nas mãos as chaves dos haveres delas, o seu aspecto é severo e altivo, como o de mordomo de casa abastada. Mas não o julgueis antes de o tratar familiarmente. Não façais cabedal de certo modo áspero e rude que lhe haveis de notar; trazei-o à prova, e achar-lhe-eis um coração bom, generoso e leal. Rudeza e virtude são muitas vezes companheiras; e entre nós, degenerados netos do velho Portugal, talvez seja ele quem guarda ainda maior porção da desbaratada herança do antigo carácter português no que tinha bom, que era muito, e no que tinha mau, que não passava de algumas demasias de orgulho."
Alexandre Herculano (1851) Arras por Foro de Espanha.
_______________
Notas:
1 - Muitos parabéns pelo 3.º aniversário de "A Baixa do Porto". 3 anos de discussão pedagógica sobre a minha cidade. Valeu (e continuará a valer) a pena, TAF!
2 - As frases escolhidas por FJV no A origem das espécies do livro de João Pombeiro: "Pela Boca Morre o Peixe" são óptimas para percebermos como a memória pode ser um instrumento demolidor.
3 - Já o escrevi várias vezes. José Bandeira é genial. Este cartoon é apenas mais um de uma longa lista de pérolas.
4 - Este post é serviço público. Na próxima visita a Setúbal, já sei o que procurar. E logo eu que adoro pão de rala.
5 - Deixa lá, Francisco. Neste momento, o dragão é imparável. Fiquem em segundo e dêem-nos uma outra alegria para além de sermos campeões...
6 - Na mouche, Tiago!
7 - E para terminar, um elogio. O Obvious foi das melhores descobertas dos últimos tempos. A visitar diariamente.
Etiquetas: Porto
"Depois deste sonho acordou enervado, transtornado, impotente nas mãos do demónio. Já não temia os olhares observadores das pessoas; era-lhe indiferente que lhes causasse suspeitas. Para mais, fugiam, partiam; inúmeras cabanas estavam abandonadas, na sala de jantar havia mais mesas vazias e na cidade já era raro ver-se um estrangeiro. A verdade parecia ter-se infiltrado e o pânico, apesar dos obstinados interesses, já não era controlável."
Thomas Mann (1912) A morte em Veneza
Etiquetas: Porto, Psicanálise
“O período dos Almadas corresponde no século XVIII e nas devidas proporções, ao que foram os períodos de D. João I e de D. Manuel I, para a urbanização do Porto nas respectivas épocas, especialmente se virmos que nos três referidos lapsos de tempo houve uma preocupação comum: a abertura de arruamentos que pudessem não só enobrecer a cidade, mas, sobretudo, que permitissem corresponder às suas necessidades funcionais acrescentadas pela própria evolução e crescente importância socio-económica.”
J. M. Pereira de Oliveira (1973) O espaço urbano do Porto (reedição para muito breve)
Etiquetas: Porto
Centro de uma metrópole que, hoje em dia, ultrapassa o milhão de habitantes, o Porto nasceu alcandorado num soco granítico, junto a uma vertente escarpada no tramo final do Douro.
Dali, a partir de onde se coloca a Sé, a cidade do bispo cresceu graças ao comércio próspero, na união da via fluvial com a antiquíssima estrada Atlântica de origens romanas, que unia Olissipo a Bracara Augusta, e que tinha em Cale a sua última estação antes do destino.
As feiras medievais e a posição de porto fluvial e marítimo privilegiado ofereceram liderança económica à cidade, e papel fundamental enquanto centro de toda uma região, que se espraiava pelas margens do Douro e por todo o Minho. Junto ao rio, para lá dos montes e entre os socalcos da paisagem, o vinho do Porto atrairia mais tarde a comunidade inglesa para a cidade que, em comunhão com o povo duriense e com a determinação do Marquês de Pombal, acabariam por criar o produto que hoje é marca indelével da cidade.
A dinâmica de transportes do século de Camilo e de Eça, numa cidade modernizada pelos Almadas no século anterior, acabaria por incrementar esta ligação regional, possibilitando a chegada ao Porto de milhares de migrantes vindos precisamente do Minho e do Douro, e trazendo consigo saberes e costumes que se diluíam e propagavam pela cidade liberal de D. Pedro IV.
Era também do Porto que partiam, em mãos cheias de gente, barcos e barcos sem fim rumo ao Brasil, do cais de Massarelos, primeiro, do porto de Leixões, depois. Era a busca por um mundo novo e por uma oportunidade de vida melhor que, em muitos insucessos e partidas definitivas, trouxe, amiúde, regressos endinheirados à Pátria dos “brasileiros de torna-viagem” que pintaram, com as cores fortes e garridas dos azulejos biselados, os palacetes do oriente portuense e as fachadas de muitos casarões minhotos. Estes homens foram também importantes na dinamização da indústria finisecular, não só no Porto mas em todo o Norte, e não só em fábricas de fiação, lã ou tecidos como a de Padronelo em Penafiel, a de Riba d’Ave ou a de Santo Tirso, mas num espectro produtivo alargado.
Nas palavras de Júlio Dinis, o Porto seria, na segunda metade de XIX, uma cidade com 3 caras. A Ocidente: inglesa, de postura fechada e pensamento no comércio com o Norte da Europa, de arquitectura discreta e sustentada nos chalets. A Oriente: brasileira, de forte pendor industrial e coroada por azulejos e clarabóias coloridas, de aposta em investimentos ousados nas novidades tecnológicas. O centro: portuense, genuíno, tradicional e verdadeiro.
O século XX haveria de trazer o crescimento urbano até à Circunvalação, numa primeira fase, e a produção de uma alargada conurbação com os concelhos limítrofes, num período posterior, criando um conceito mais alargado do “sentir portuense”, sustentado no espírito mercantil, burguês e liberal que a cidade sempre assumiu, e ponte de passagem entre todo o Norte de Portugal para a Europa do Norte, para a Galiza e para lá do Atlântico, em particular para o Brasil.
____________________
Notas:
1 - Ai agora estes dois lembram-se dos Ride. Por aqui, há muito que eles foram lembrados.
2 - Mais um óptimo post do Fitzx no Cromos da Bola, lembrando uma longínqua noite de Verão, em que eu também participei.
3 - Lamentavelmente a Helena acabou com o Coriscos. Bolas...
4 - Mais um magnífico texto do JPP no Público. A ler aqui.
5 - Espreitem a magnífica recolha do BJr no Obvious, do espólio artístico de A. Hitler.
6 - O Ricardo está de volta! O autor do genial Perguntar não ofende regressa com Passagem Estreita. A seguir.
7 - Não deixem de ler o blog O mal está feito, do João Quadros. Entre vários temas divertidíssimos, o meu preferido é o Famosas antepenúltimas palavras. Muito, mas mesmo muito, bom!
Etiquetas: Porto
...Depois da V2 DDT PBX
Ketchup K/7 Kleenex Kitchnet Duplex
Twist again colourfull wonderfull
Chegou o T2-T4 c/garagem pró P2 turbo sound disco sound discussão?
Video-Club joy stick midi high-tech squash & sauna
Compact D (compre aqui?)...
Ser Mãe era a aspiração natural de todo o homem moderno
ser o melhor é normal para os novos pobres deste colégio interno
ter medo é a pulsão fundamental do criador & artista
estar sóbrio é continuar permanecer positivista
---E dantes as máquinas estavam sempre a avariar....
Mas com uns pós modernos nada complicados
sentimo-nos realizados
Ah! Os pós modernos agarram a angústia
e fazem dela uma outra indústria
com os pós modernos nunca ganhamos
mas tambem nada investimos
In: "Psicopátria", GNR 1986
Etiquetas: Outros Lugares
Etiquetas: Porto
Etiquetas: Porto