E era tudo isto
Mazzy Star - Fade into you
PaisagemPassavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento,
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exaltação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1959) Poesia II
Etiquetas: Porto
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De facto!
Agora que os Calhambeques já se foram...vai haver mais serenidade:)
Boa escolha musical.
Meu caro PCS,
Viste isto antes de ter acabado (até a música mudei!). Agora sim, está o post terminado.
Abraço,
A fotografia, o local, a música, o poema, a poetisa, a cidade. Isto sim! Sou da mesma opinião, viva a serenidade! Abraço JRP.
Continua a ser uma excelente escolha musical.
Com a introdução do poema da Sophia, ficou ainda melhor.
P.S: Gostei tanto das grandes vinhetas #14, que resolvi procurar uma foto real para o carro nº5. Foi a melhor que encontrei.
Abraço,
Grande momento.
Obrigado
João Roldão
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