Roma
"[...] A ruin--yet what a ruin! from its mass
Walls, palaces, half-cities have been rear'd
Yet oft the enormous skeleton ye pass,
And marvel where the spoil could have appear'd.
[...]
«While stands the Coliseum, Rome shall stand;
When falls the Coliseum, Rome shall fall;
And when Rome falls--the World.»"
Lord Byron (1818) Childe Harold's Pilgrimage
O que terá feito daquele vale pantanoso, povoado por bactérias perigosas e permanentemente sujeito a cheias, um dos cenários fundamentais da história do mundo ocidental? Provavelmente, jamais saberemos.
A união fez-se ali, no sopé das famosas sete colinas, e era celebrada anualmente a 11 de Dezembro na festa do Septimontium, um dos muitos dias de festa da Roma Clássica, que chegou a ter anos de prosperidade em que se celebravam 200 dias de festividades.
Nesse fundo de vale nasceu o ponto central do antigo Império, o Forum Romano Magno, onde, entre outros elementos fundamentais como a Basílica Juliana ou o Templo de Saturno, se encontrava a pedra negra, suposto túmulo de Rómulo (sem aparente ligação à pedra negra da Kaaba de Meca) e o Umbigo do Mundo (Umbilicus Urbis Romae), o ponto zero de toda a fenomenal rede de estradas criadas pelos Romanos.
Roma terá atingido cerca de um milhão e 250 mil habitantes, no auge da sua dimensão, e era o coração de um território alargado, que se estendia da fronteira com a Escócia à Líbia, do Atlântico ao Cáspio.
O fim do Império acabaria por chegar, justificado pelo declínio económico, militar, social ou por razões biológicas como a malária, mas Roma, a Roma criada pela união dos sete povos das colinas ou, como na lenda, através do arado de bronze dos dois irmãos amamentados pela loba, essa Roma sobreviveu, ainda que reduzida a uma pequena parte da grande Roma Clássica (como o mapa acima reflecte, ainda que este a reproduza numa fase de recuperação demográfica do Renascimento), transformando o Coliseu em periferia coberta de vegetação, ou o, em tempos glorioso, Forum Romano Magno num “Campo Vaccino”.
Mais tarde, numa primeira fase, com o Renascimento do Papa Sisto V, mas sobretudo com o Barroco de Bernini, Roma atingirá novamente o esplendor e a dinâmica de outros tempos.
Ainda assim, em pleno período de queda, numa fase em que a cidade teria apenas cerca de 20 mil habitantes, é em Roma, a cidade que relegou o Vaticano para subúrbio, numa manhã durante a missa de Natal do ano 800, que o Papa Leão III marca o início de uma nova era para o Ocidente, coroando um surpreendido Carlos Magno como Imperador do novo Império Romano do Ocidente.
Tal como Jerusalém ou a cidade do México, Roma é a prova de que as cidades são como as árvores, como Mumford escreveu um dia. Por muito grande que seja a poda, novos rebentos acabarão sempre por emergir.
Aqui está o "provedor da blogosfera" como ele lhe chamou:
1 - A selecção musical do Francisco Curate e do Pedro Mexia é excelente! Do primeiro destaco a Greek Music #seven com os Pulp e do segundo uma versão da Ceremony, pelos Galaxy 500.
2 - Este é um dos mais belos textos que já li na blogosfera. Um abraço, POS.
3 - E esta pergunta, como tantas outras no Perguntar não Ofende, está sensacional.
4 - E para terminar, poesia em movimento. Homenagem a um dos mais brilhantes extremos de sempre. Tivesse nascido a uma latitude mais baixa e seria divinizado. Dará sorte para amanhã!
Etiquetas: Outros Lugares
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Muito obrigado!!!
Obrigado Sr. Provedor...um abraço.
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